
Poucas famílias carregam em seu nome uma história tão rica e fascinante como os Faleiros Aguiar. Com origens na Ilha Terceira, no Arquipélago dos Açores, Portugal, essa linhagem atravessou oceanos e gerações, contribuindo para a formação do Brasil colonial. Este é o relato de suas origens, desafios e legado.
As Origens na Ilha Terceira
Os Faleiros Aguiar têm suas raízes na Vila da Praia, na Ilha Terceira, parte do bispado de Angra. O tronco principal da família no Brasil foi Manoel Faleiros de Aguiar, nascido por volta de 1720, filho de José Faleiros de Aguiar e Esperança de Jesus. A tradição do sobrenome Aguiar remonta, segundo Salvador Moya, a Pedro Mendes de Aguiar, que viveu nos tempos de Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal. O solar da família Aguiar situava-se próximo a Lugo, na Espanha, entre as paróquias de Bobrala e São Lourenço de Aguiar.
A Travessia para o Brasil
Por volta de 1750, Manoel Faleiros de Aguiar emigrou para o Brasil, com aproximadamente 30 anos, em busca de melhores condições de vida. A partida foi motivada por uma série de calamidades que assolaram o Arquipélago dos Açores no século XVIII, como a epidemia de 1743, que trouxe fome, pobreza e miséria. Com ajuda financeira de um tio, Manoel embarcou e se estabeleceu em Minas Gerais, onde construiu uma nova vida.
A Vida em Minas Gerais
Manoel fixou residência na Fazenda Bom Retiro, na aplicação de Nossa Senhora de Oliveira, Minas Gerais. Casado com Esperança da Conceição, teve cinco filhos: Josefa (falecida em idade jovem), José Faleiros, Genoveva, Esperança e Maria. Em seu testamento de 1786, Manoel deixou claro o orgulho pela família que construiu, que seria a base para as gerações futuras.
Os Descendentes e o Legado
O segundo filho de Manoel, o alferes José Faleiros de Aguiar, deu continuidade ao legado. Casado, teve seis filhos: Manoel, José e quatro filhas (Felícia, Luciana, Ana e Maria). Manoel Faleiros de Aguiar, filho mais velho do alferes, nasceu em 1783 e teve seis filhos, incluindo José Faleiros de Aguiar, que, por sua vez, se casou com Maria Angélica de Jesus. Esse casal teve oito filhos, entre eles João Faleiro de Aguiar, nascido em 1824.
Nesta geração, o sobrenome sofreu uma alteração: os Faleiros Aguiar de Cajuru aram a “Faleiro”. Essa mudança pode estar relacionada às adaptações linguísticas da época ou a questões sucessórias, como sugerem estudos genealógicos. João Faleiro de Aguiar casou-se com Ana Rosa de Jesus e teve cinco filhos, incluindo Gabriel Faleiro de Aguiar, casado com Romualda Porcina Cordeiro, pai de Sebastião Faleiro de Aguiar.
O Ramo de Cajuru
Sebastião Faleiro de Aguiar nasceu em 20 de janeiro de 1895, na Fazenda Ribeirão, município de Cláudio. Casado com Francisca Rosa de Camargos, teve 12 filhos, entre eles José Faleiro de Camargos, nascido em 6 de junho de 1920. José casou-se com Maria José de Camargos, e juntos tiveram seis filhos, incluindo José Carlos de Camargos Faleiro, nascido em 7 de junho de 1944 (o sobrenome Faleiro foi adicionado judicialmente). Casado com Ângela Maria Souza Camargos, Ângela faleceu em 2004, deixando três filhos: Carlos Henrique, Flávio Brandão e Carla Cristina. Esses descendentes mantêm viva a história e o legado dos Faleiros Aguiar, preservando sua importância para a genealogia e a história regional, embora não assinem “Faleiro Aguiar”.
A Importância do Sobrenome
O sobrenome “Faleiros” é um legado que transcende o tempo. Sua variação para “Faleiro” pode refletir não apenas mudanças linguísticas, mas também adaptações às práticas sucessórias. Durante o período colonial, o plural no sobrenome era comum entre clãs ou grandes famílias, enquanto o singular pode ter surgido como uma adaptação posterior.
Fato semelhante ocorreu na mesma família logo em seguida: outra variação interna aconteceu. Alguns filhos de Sebastião Faleiro (José, Joaquim, Concebida e Levi) perderam o tradicional sobrenome Aguiar para adotar “Camargos”, em homenagem ao avô materno, Nicomedes Pereira de Camargos. Sobre isso, Sebastião Faleiro declarou: “A substituição de Aguiar por Camargos foi para separar dos filhos de Emídio Faleiro de Aguiar”, que já assinavam “Faleiro Aguiar”, interrompendo assim, para as gerações futuras, a continuidade de “Faleiro Aguiar”. Essa família ajudou a povoar e construir o Brasil Colônia.
Preservando a Memória
A história dos Faleiros Aguiar é um testemunho da resistência e da contribuição de famílias pioneiras na formação do Brasil. Suas trajetórias entrelaçam cultura, história e genealogia, servindo de inspiração para gerações futuras.
Referências Bibliográficas
•Vasconcelos, Ronaldo Van Putten. Genealogia e História da Família Faleiros. Edição 2016. Págs. 21 a 32.
•Diomar, Oswaldo. Genealogia de Carmo do Cajuru. 1ª edição, 2004. Págs. 162 a 164
Autores: José Carlos de Camargos Faleiro, advogado, pós-graduado em Direito do Trabalho e Previdenciário. Carla Cristina de Souza Camargos, mestre em Meteorologia Aplicada, pela UFV.