domingo, junho 15, 2025
Colunista

A vida não tem volta l4r5u

Close-up of beautiful little girl brown eye. Macro photograph.

A vida não tem volta, a vida tem fim!  O ado é muito explorado, seja na realidade, seja na ficção. As pessoas se dedicam a falar e resgatar o ado o tempo todo e a memória é um importante instrumento que colabora com essa estrada do relembrar. Recordar é viver! Estamos no período de férias e durante este mês é natural que haja mais crianças perambulando pelas ruas das nossas cidades. Num ado não tão distante, a rua se apresentava como um verdadeiro parque de diversões, aberto e gratuito. Porém, veio a modernidade e junto com ela a insegurança, tornando as ruas muito perigosas. Além disso, nos dias atuais, infelizmente, a criançada só precisa do celular ou do computador pra se divertir. Atualmente vivemos cercados por telas. Vivemos uma era individualista, pois  falta mais energia do coletivo. Neste momento, observamos mais uma edição do BBB no ar. Famosos e não famosos seguem disputando um prêmio milionário e nós, espectadores, aumentando o faturamento dos anunciantes do programa. No ado, tínhamos as novelas e suas estrelas eram endeusadas, hoje, banalizamos o cotidiano.

Ficar às voltas, vendo o dia a dia das pessoas parece algo banal e que não agrega nada de bom à nossa vida. Hoje, o maior entretenimento nacional é ver outras pessoas confinadas numa casa e, de certa forma, seguimos também confinados na expectativa do que vai acontecer. Num ado recente, a conversa na praça ou na porta das casas era sobre banalidades da vida, hoje, comentamos sobre a vida de pessoas presas numa casa vigiada 24 horas por câmeras, analisando o comportamento dessas. A vida segue dentro da casa televisionada e confortavelmente observamos as relações cotidianas dessas pessoas. A mesma tela que prende a criança com um joguinho também atrai a  atenção dos adultos  para saber sobre brigas fúteis numa cozinha de um reality show. A multidão se concentra numa espécie de esmagamento coletivo, os personagens, diferentes dos atores de antes, são pessoas que não contam histórias, mas apenas conversam sobre assuntos rasos. Talvez, no ado, a vida fosse mais livre e vê-la acontecer era mais interessante que observar pessoas dentro de um aquário televisivo. O objetivo do futuro parece ser  apenas comercializar a vivência humana.

 

 

 

 

 

Pedro Betti

Professor e colunista