
Escrever um livro não é tão difícil. Basta ter talento, inspiração, uma grande dedicação e dispêndio de tempo, ou seja, muito trabalho, muito mesmo, somado a tudo o que coloquei antes. Não é exagero o que já foi dito, não sei por quem: para escrever histórias, é preciso 10 por cento de inspiração e 90 por cento de transpiração, isto é, suor, trabalho, dedicação.
Publicar um livro não é tão difícil. Basta ter dinheiro ou cair nas graças de uma boa editora que se interessar por sua obra. Ou ter um padrinho, um renomado escritor que indique sua obra para uma editora.
Vender o livro é que são elas. O povo lê muito pouco. Mas, nós, escritores, vamos teimando e levando nossas ideias e nossas obras ao público.
Nossa maior alegria é quando alguém diz que leu o que escrevemos. Se gostou ou não, fazer o quê, não é mesmo? Agradamos a uns, desagradamos a outros.
Há histórias interessantes de obras e escritores.
Roberto Drummond, o grande autor de “Hilda Furacão”, que virou série na Globo, autor de “Quando fui morto em Cuba”, “O cheiro de Deus” e outras coisas boas, antes de ser famoso e publicar fácil o que escrevia, viveu uma situação desagradável. Ele mandou um livro dele, não me lembro qual, para uma grande editora, não me ocorre qual.
ou o tempo e ele ligou. Não, ainda não tinham analisado a obra dele. Tivesse paciência que a equipe estava trabalhando nisso.
Mais tempo depois ele foi à editora. Chegou, apresentou-se como o autor da obra tal e pediu para falar com o responsável, fulano de tal, que estava analisando o livro dele.
O tal fulano não estava, mas ofereceram-lhe um cafezinho, e conversaram com ele sobre a obra que estava sendo analisada.
De repente ele viu uma mesa na grande sala da editora, que estava com um pé quebrado, calçada por um calhamaço, um livro grosso.
O calço era o livro dele. Nunca tinha sido aberto pela editora. Serviu de calço ao pé quebrado de uma mesa ali naquela sala.
Ainda do Roberto. Quando ele foi fazer o lançamento de “A morte de D. J. em Paris”, se não me engano, fez contato com Maria Clara Machado, que estava para lançar “Pluft, a fantasminha”. Combinaram, os dois de fazer um lançamento conjunto, no Palácio da Artes, em Belo Horizonte. Caiu uma chuva forte e não apareceu ninguém no lançamento dos livros. Ele comprou um livro da Maria Clara, ela comprou um livro dele e foram embora.
Quando eu concluí meu livro “Ana”, eu morava em Belo Horizonte e planejei o lançamento na Livraria Scriptum, na Savassi. Paguei o preço combinado à livraria, convidei muitos amigos e colegas de trabalho, preparamos um farto lanche. Alguns foram lá. Vendi seis livros. A aventura, pelo menos, rendeu-me um belo conto “Escritor”, onde conto aquele meu drama editorial.
Os lançamentos de livros que fiz aqui em Carmo do Cajuru sempre foram muito bons. Sempre vendi, dez, vinte, trinta livros. Foi assim com o “Bisavô”, meu primeiro livro, com “O rio que não a”, “Ana”, “Apelo”, “Filho da Mãe”.
“Pães e Peixes” não foi vendido, mas doado, por força da Lei Aldir Blanc, que financiou a edição. Trezentos livros foram distribuídos gratuitamente e muita gente leu, o que me alegrou muito.
Recentemente lancei dois livros ao mesmo tempo. “O menino que não tinha canivete” – que contém as crônicas que escrevi aqui no Boca da Mata, desde 2011 e “Garras” – um livro com 16 histórias. O lançamento das duas obras, realizado na Câmara Municipal, foi um sucesso. Vendi praticamente todos os livros publicados pela Editora Gulliver, através do projeto Divinos Livros, da Academia Divinopolitana de Letras. Maravilha!
Dois outros livros estão saindo, pelo projeto Divinos Livros II, da Academia Divinopolitana de Letras. Provavelmente no início do ano que vem, serão lançados aqui na cidade.
Talvez por causa do sucesso do lançamento de meus dois últimos livros em Carmo do Cajuru, a Câmara Municipal, através do Bruno, Assessor de Comunicação daquela Casa, promoveu um encontro, que teve até um belo cartaz de divulgação:
Câmara Cultural
Conversa sobre o livro “Garras” de Ernane Reis
com a presença do autor.
Dia: 04/09, às 19h, na Câmara
Mediação: Charles Guimarães
Nós fomos lá. Eu, o Bruno e o Charles. Mais ninguém.
Esperamos, esperamos, falamos sobre o meu livro, sobre a vida, sobre nós mesmos e fomos embora.
O povo não apareceu.
Não apareceu nem um vereador.
Mas eu continuarei a escrever livros. Sempre tem alguém que lê. Como esta crônica. Alguém lê, às vezes comenta com a gente. E a gente fica feliz.