domingo, junho 15, 2025
Colunista

“Um livro, uma caneta, uma criança e um professor…” 4v111x

Por uma gama de motivos o hábito da leitura, principalmente entre os estudantes do fundamental 2, é pouquíssimo disseminado aqui no Brasil. São vários: desde a falta de estímulo, ou o exemplo que deveria começar dentro de casa; fatores sociais e políticos; falta de estrutura, além da concorrência com outros tipos de mídia. Fatores que levam os nossos alunos e, consequentemente, o nosso ensino, para as piores classificações no PISA (metodologia internacional que avalia os sistemas de ensino em todo mundo).
Já para a jovem paquistanesa, Malala Yousafzai, laureada com o Prêmio Nobel da Paz em 2014, aos dezessete anos, sendo a pessoa mais nova a receber essa premiação, o caminho para os estudos não foi tão fácil. Tudo isso, porque ela queria estudar, não se separar dos livros e, tão pouco, da escola. – Meninas não podem estudar. Decretou o Talibã, grupo fundamentalista que, armado, ditava as regras sociais e políticas no mundo islâmico. Para fazer valer a regra imposta era preciso acabar com o atrevimento daquela menina miúda que insistia em pegar o ônibus escolar e seguir para os seus estudos. – Quem é Malala? Perguntou um talibã. Daí em diante o que se ouviu foi um tiro e muita correria dentro do ônibus. Depois de alguns meses se tratando na Inglaterra, ela se recupera e faz o seu primeiro discurso na ONU em defesa dos direitos humanos das mulheres e pelo o delas à educação.
Essa explanação rápida sobre Malala Yousafzai que, aliás, esteve no Brasil em 2018 para uma série de palestra, foi para fazer uma analogia sobre a luta das meninas muçulmanas para terem o direito de frequentarem as escolas e, de maneira oposta e motivos diversos, no Brasil a luta é para que os nossos alunos frequentem, de forma assídua, a salas escolares. E mais, que tenham interesse pelos estudos. Vale ressaltar que o nosso sistema de ensino é, declaradamente, arcaico, sendo pouco atrativo para os nossos discentes.
Como professor e observador do universo escolar, sigo fazendo a minha parte, mesmo que de forma modesta, pois para certos voos nossas asas são cortadas pelo sistema. Sigo com minha caneta e os livros que escrevo. Sejam crônicas, infantis, poemas ou contos, tento mostrar para os meus alunos que, indiferentemente do gênero, podemos escrever a nossa própria história. Pois, como discursou a jovem Malala Yousafzai na ONU, “ Um livro, uma criança, uma caneta e um professor podem mudar o mundo.”

 

Charles Guimarães é professor e escritor.