domingo, junho 15, 2025
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Nossa Gente – João Domingos e Dona Maria 2d5bn

 “A simplicidade e a humildade sincera, são nítidos sinais da presença do bem, na vida de alguém” (Autor desconhecido)

Sabemos que a bonita tradição da cultura religiosa do Congado é muito marcante em nosso município. Para existir sempre foi marcada por pessoas simples que doaram muito de si, para dar sequência a essa extraordinária festa do povo.

Nessa edição, vamos relembrar de pessoas que foram grandes exemplos de dedicação e fé na formação de uma Irmandade de Reinado em Carmo do Cajuru.

João Domingos, era filho de Antônio da Costa e Maria Norvina de Jesus, nascido em 30 de novembro de 1930 no município de Cláudio –MG – Dona Maria Vicentina Domingos, a Dona Maria, filha de Joaquim Manoel da Silva e Vicentina Virgínia de Jesus, também nasceu em Cláudio em  16 de dezembro de 1935.

João Domingos  e Dona Maria, casaram ainda bem jovens na cidade de Cláudio, no dia 21 de dezembro de 1953. Do matrimônio, tiveram os filhos: José João Domingos, Maria Domingos Ferreira, Maria José Neves, Vicentina da Costa Santos, Domingos João da Silva e Maria do Carmo Domingos Mendonça (in memoriam) todos nascidos em Cláudio. Tempos depois vieram morar em Carmo do Cajuru, onde compraram uma pequena casa no Bairro Bonfim. Depois de algum tempo venderam essa casa e compraram outra casa maior no mesmo bairro. Tinha um terreiro enorme na frente,  de terra batida, onde permaneceram a vida toda.

João Domingos trabalhou durante muitos anos na zona rural, sempre plantando a meia com os fazendeiros da época. Trabalhou também na reforma do paredão da Barragem Cajuru, em uma firma terceirizada da Ferrovia. Na Construtora Brasil (construção de asfalto entre Cajuru e Itaúna), na pedreira das Amoras (quebrando pedras).  Anos depois, começou a trabalhar na Prefeitura Municipal, na capinação de ruas, onde permaneceu até a sua aposentadoria. Dona Maria Vicentina, trabalhou a vida toda, além das atividades caseiras, lavando roupas para muita gente da cidade, o que ajudava muito no sustento dos filhos.

Na época, quase não existia água encanada e as roupas eram lavadas em bacias metálicas, esfregadas na mão, utilizando o sabão preto. As dificuldades eram grandes, tinham que buscar água para lavar roupas, para banho e para beber, geralmente em um pequeno córrego que ava próximo a casa de José Nogueira dos Santos (Socapó), que desaguava no Ribeirão do Empanturrado. Tiveram momentos marcantes que deixaram saudades, como os bailes regados com biscoitos de forno e o famoso quentão de alfavaca para os adultos, feitos em frente a sua residência.

Tempos depois com uma vida mais tranquila, começou a organizar romarias para Aparecida do Norte, mesmo sem saber ler e escrever organizava os  especiais através de convites orais. Chamava vizinhos, familiares e amigos. Os especiais duraram vários anos. Até hoje são lembrados com muita saudade pelas pessoas que participavam, que  percebendo assim,  o quanto Dona Maria era devota e grata a Nossa Senhora Aparecida. Com as crianças daquela época, ela ficou marcada com os famosos chup-chup de abacate, banana, amendoim, nesquik de morango e outras delícias. Durantes as festas, a casa ficava sempre cheia. Além dos familiares, vizinhos e amigos, principalmente nos dias dos aniversários do Sr. João e Dona Maria, sem contar nos almoços de finais de semana, todos programados pela Dona Maria.

Sô João e Dona Maria sempre tiveram paixão pelas festas de Congado. Eram grandes devotos de Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Nossa Senhora Aparecida, tanto que participavam das festas em nosso município e região. Na realidade, o gosto pelo Reinado começou nos povoados onde moravam os familiares, chamados “Ribeirão do Servo e Capão da Galinha” ambos pertencentes ao município de Cláudio. Na época o Sr. Antônio Domingos e o senhor Joaquim Manoel da Silva, pais paterno e materno do casal se juntaram e formaram uma Guarda de Catopé, que durou por muito tempo. A referida Guarda, chegou a fazer apresentações no povoado de Bocaina e na cidade de Cláudio.

Com a vinda para Carmo do Cajuru, Sô João Domingos fez parte da Folia de Reis, ou pelo Moçambique do Senhor Antônio do Nego e de Dona Maria de Deus, que hoje conhecemos como Irmandade de Nossa Senhora de Fátima. aram também pelo Moçambique do Sr. Mário Nicolau ao lado do Senhor Jove, Sr. Antônio do Elísio e do Sr. Dico Felipe. Ajudou também na construção da Igreja de São Benedito, trabalhando como servente e outros serviços.

Por vários anos o casal serviu almoço  durante as festas de Reinado. Com muita ajuda dos Filhos, familiares e amigos, em 13 de julho de 1997, fundaram a Irmandade de Nossa Senhora Aparecida do Rosário, sendo constituída por CNPJ, Estatuto e Diretoria. Como o Sô João Domingos e Dona Maria Vicentina  eram muito carismáticos e muito conhecidos, a notícia logo se espalhou pelo bairro e pela cidade, foi quando começaram a receberem convites para participarem de festas de Reinado no município e região. Isso mostra que pessoas mesmo sem estudos, com pouco dinheiro, com lutas, humildade, simplicidade são capazes de sonhar e fazer acontecer, colocando a fé e amor à tradição em primeiro lugar.

O Senhor João Domingos faleceu em 17 de novembro de 2011, em Carmo do Cajuru. Dona Maria Vicentina de Jesus, também faleceu em Carmo do Cajuru, em 04 de junho de 2010.

Com esse breve texto, fizemos um pequeno resgate da memória do grande casal, que foi muito importante, não somente para os familiares, como também para a comunidade Cajuruense.

 

Fontes: Anderson Cleito da Silva (Neguinho), que é neto do Casal; José Joaquim da Costa (Margoso); Dona Virgínia da Costa Silva, familiares e amigos.

 

Célio Antônio Cordeiro
Membro do Conselho de Cultura.